Pesquisa da UFPB revela: uso excessivo de telas já afeta saúde e desempenho de jovens brasileiros
Divulgado por: Leonardo Leandro e Rayssa Silva - 10 de Julho de 2025
Celulares, tablets, videogames, computadores. Nunca foi tão comum ver crianças e adolescentes grudados nas telas — e um trabalho feito por uma estudante da Universidade Federal da Paraíba resolveu investigar o que esse hábito está causando. O que ela encontrou levanta preocupações.
Charis Lane dos Santos, do curso de Pedagogia no campus de Bananeiras, fez uma pesquisa baseada em estudos nacionais e internacionais. O foco dela foi entender os impactos que o uso prolongado de tecnologia está tendo no corpo e na mente dos jovens. O que ela descobriu? Que esse comportamento já vem afetando o sono, o humor, o foco nas aulas e até as relações dentro da família.
Entre os dados citados no estudo está o do Pisa 2022, uma avaliação internacional que mostra que 80% dos alunos brasileiros disseram que se distraem nas aulas de matemática por causa do celular. Outro dado vem da TIC Kids Online Brasil: quase todos os adolescentes nordestinos entre 9 e 17 anos já usam a internet, e na maioria dos casos, o celular é o principal canal.
Mas o trabalho não se limitou a estatísticas. A estudante também tratou de casos concretos, como o de um adolescente paraibano que cometeu um ato violento depois de ter o celular tirado pelos pais. Ele estaria viciado em um jogo e vinha tendo baixo rendimento na escola. A pesquisadora usou o caso como exemplo de como o uso sem acompanhamento pode levar a situações graves.
Charis também chama atenção para um detalhe importante: muitos pais não conseguem impor limites porque também passam boa parte do dia nas redes. Ou seja, o problema muitas vezes começa em casa. Ela destaca que crianças não têm maturidade para regular o tempo de tela por conta própria. Essa é uma responsabilidade dos adultos, tanto da família quanto da escola.
No lugar de proibir ou ignorar, a proposta que aparece no estudo é apostar em Educação Midiática. Isso significa ensinar desde cedo como navegar na internet com segurança, como identificar conteúdos falsos e como usar a tecnologia com mais consciência. A pesquisadora acredita que, se a escola incorporar esse tipo de orientação no dia a dia, os alunos podem aprender a usar as telas a favor do seu próprio desenvolvimento.
Para lidar com essa realidade, a pesquisa propõe incluir esta Educação Midiática no dia a dia escolar, como já prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ela também indica o uso de materiais gratuitos para professores, como os guias do NIC.br e do projeto Educamídia, que abordam temas como segurança online, fake news, proteção de dados e uso responsável das redes.
Além disso, o trabalho destaca que muitas escolas ainda estão mal preparadas para lidar com esse cenário. Em várias delas, os laboratórios de informática não funcionam, ou não há internet para todos. E, ao mesmo tempo, os professores também nem sempre receberam formação para trabalhar com tecnologia de forma crítica. Ou seja, não basta cobrar: é preciso investir em estrutura e capacitação.
Por fim, o estudo conclui que a tecnologia não precisa ser inimiga da educação — mas que o uso sem limites, sem diálogo e sem orientação pode virar um problema sério. Para Charis, a saída está na soma de esforços. Pais atentos, professores preparados e políticas públicas que tratem o assunto com seriedade. Só assim é possível garantir que as próximas gerações saibam usar a internet sem se perder nela.
Estudo: O uso abusivo de telas e o impacto na educação (2024). Charis Lane dos Santos. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/33658